Cadernos PAR - ESAD.CR
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- Práticas do desenho em designPublication . Poeiras, Fernando; Gonçalves, Maria MadalenaDe um ponto de vista pragmático, o valor do desenho em Design depende das suas potencialidades para "projectar" um objecto. No desenho projectual o valor de uso do desenho ficaria assim subordinado aos problemas que o desenho coloca e resolve no âmbito da actividade de projectar. Se privilegiarmos essa relação pragmática entre o desenho e o projecto então temos de esclarecer primeiramente o que aqui significa projectar. Podemos distinguir duas concepções de projecto que definem dois grandes tipos de problema, orientando assim diferentes usos do desenho (...)
- Gestos rememorativosPublication . Lisboa, Nuno; Gonçalves, Maria MadalenaNão se pode dizer nada sobre um filme: face ao ecrã, a imobilidade e o silêncio caracterizam a experiência hermética do espectador sujeito aos efeitos de memória do dispositivo cinematográfico. Falar ou escrever a partir de um filme implica antes de tudo dar conta de uma experiência de memória, necessariamente diferida. O carácter problemático dessa tarefa é materializado nas fotografias feitas por Sugimoto no interior de salas de cinema, onde tenta fixar numa única imagem a duração de um filme, do primeiro ao último fotograma. Na fotografia, o ecrã emite apenas uma luz branca, enquadrada na arquitectura da sala, aparentemente deserta, como as primeiras fotografias de Daguerre desertificaram as ruas de Paris. Demasiado permeável, exposto à duração, o suporte fotográfico sobrepõe as imagens que no filme se sucederam umas às outras. A acumulação resulta na escassez, o excesso converte-se em vazio (...)
- Treinar o olhar sobre as coisas do mundo : representação do acontecimento e da circunstância em O Sr. Calvino de Gonçalo M. TavaresPublication . Gonçalves, Maria Madalena; Gonçalves, Maria MadalenaOs vinte curtos textos de natureza narrativa que Gonçalo M. Tavares reuniu no volume intitulado "O Sr. Calvino" pedem de nós, quando deles nos acercamos pela primeira vez, uma leitura ingénua muito semelhante à que o autor atribui a Calvino quando o põe a olhar as coisas do mundo para lhes atribuir sentido. Ler estes textos essa primeira vez é ir acompanhando, sem sobressaltos e em curtas etapas, o que Calvino faz, diz, pensa e mostra ser na sua imediata e aparentemente tranquila relação com o mundo. De forma natural e espontânea, por vezes primitiva e infantil mas sempre desarmante (daí o seu encanto), Calvino olha em volta com muita curiosidade. Observa o mundo. Parece que cada coisa insignificante é um "atrito" merecedor da sua atenção. Experimenta. Põe à prova as suas "habilitações técnicas e metafísicas", se for caso disso. Raciocina. Medita. Tira conclusões. E no fim permanece idêntico, pequenino, redondo e "feliz". Assim nós com ele quando fechamos o livro (...)
- Sobre mimesis e teatroPublication . Tavares, Margarida; Gonçalves, Maria MadalenaCom este texto procura-se compreender melhor o conceito de mimesis e, em relação ou derivando deste termo, os conceitos de interpretação e representação, aplicados ao Teatro e ao trabalho do actor.
- Para além da representação - nos limites do visívelPublication . Silva, Rodrigo; Gonçalves, Maria MadalenaO nosso conhecimento do mundo decide-se nas representações que dele extraímos - que dele ab-straímos. Os modos do conhecer fundam-se no modo como sintetizamos representações que põem o mundo em estado de representação, convertendo-o diante de nós numa abstracção arrancada à opacidade do aparecer e ao solo da terra (um ab-solus). Sabemos também que as nossas relações com o mundo não se reduzem à representação e que uma boa parte (talvez a mais decisiva) parece escapar à representação, num difícil entrelaçamento entre as mediações da representação e a imediatez da vida (sem que saibamos por vezes qual é que determina ou qual é que precede a outra). Desde a modernidade que as representações do mundo foram legitimadas como uma passagem à objectividade passível de ser calculada e certificada racionalmente, relegando a dimensão estética da representação para um âmbito especulativo que é desconsiderado face ao impulso absolutista das mediações da representação técnico-científica do mundo. Ao mesmo tempo que o controlo da representação se foi tornando progressivamente mais calculado, em simultâneo e um pouco por todo o lado (face à globalização dos sistemas ocidentais de representação) surgiram novos dispositivos de representação do mundo que fazem proliferar uma circulação interminável de imagens a ponto de Heidegger ter afirmado num texto célebre que doravante viveríamos no "tempo das imagens de mundo" (que denunciaria a realização da "metafísica da vontade do sujeito") (...)
- O pensamento da deslocalizaçãoPublication . Silva, Rodrigo; Gonçalves, Maria MadalenaNos tempos mais recentes é frequente escutarmos uma recorrente apologia do local e da especificidade do lugar, que parece gozar de um novo prestígio e servir um qualquer desígnio estratégico da época. O fundo desses discursos mais ou menos esclarecidos é uma certa reacção à globalização ou, pelo menos, ao que da globalização implica uma outra relação com a espacialização do mundo, com o modo de o habitar e percorrer, com o modo de pôr em relação aquilo que nele antes ficava distante ou separado. Quando pensamos nos processos da técnica que intensificaram a reconfiguração da superfície do mundo nas últimas décadas, não poderemos não pensar no modo como a informação e a telecomunicação, acopladas à densificação da concentração urbana, produziram um enredamento do próximo e do distante, a ponto de hoje o modo de relação com o próximo e com o distante ter perdido a distinção clara que regia os nossos protocolos de relação com um e com o outro. Uma parte considerável do horizonte de acontecimentos e do tecido relacional, que constituem a experiência quotidiana na actualidade, é formada pela inevitabilidade do confronto com o longínquo, o distante, o desconhecido, o ausente: basta encontrarmos um ecrã e logo se dá um encontro com uma estranha forma de presença com a qual o próximo (no sentido aqui estritamente físico) se volatilizou e foi eclipsado por um transporte imersivo para um outro espaço no qual entramos (quase) involuntariamente. Hoje, na maioria dos lugares onde nos deslocamos, para conduzirmos tarefas e afazeres da nossa subsistência, o longínquo abeira-se de nós e convida-nos ao teletransporte – nem que seja no banalíssimo não-lugar de uma conversa telefónica.
- Exercícios de desenho (também em design)Publication . Cabau, Philip; Gonçalves, Maria MadalenaO desenho tem uma vocação didáctica ou, mais exactamente, uma potência didáctica. Esta possui já uma longa história, particularmente na sua relação com as diversas práticas profissionais que lidam com a invenção e a produção da forma. Isto porque o desenho proporciona recursos únicos para a aprendizagem de certos saberes, certas experiências: o desenho permite abstrair, do objecto concreto, aqueles dados que se pretendem conceptualizar. Considerámos pois interessante, dada a natureza e o contexto de uma Aula Aberta – que admite um público heterogéneo, constituído por qualquer e todos os docentes e qualquer e todos os alunos –, falar de um dos materiais que sustentam a própria prática pedagógica e que é geralmente ignorado, tratado como um dado adquirido ou considerado demasiado banal para justificar um segundo olhar. Trata-se daquele momento em que é lançado o repto de uma proposta pedagógica. Neste caso, o exercício de desenho, particularmente a sua natureza e funções no contexto de uma formação em Design.
- O cineasta e o pintorPublication . Lisboa, Nuno; Gonçalves, Maria Madalena“Para saber o que se passa na cabeça de um pintor, basta seguir a sua mão”. Este é o propósito revelado pelo realizador Henri-Georges Clouzot no preâmbulo do filme "Le Mystère Picasso" que, como André Bazin sublinhou desde logo, “não explica coisa alguma” sobre o artista ou sobre o seu trabalho. Depois da nota de intenções que precede o genérico do filme, é, de facto, a mão que seguimos, sem que porém a possamos ver: no gesto de pintar, da acção da mão, apenas podemos observar os seus efeitos, no deslizar das formas em permanente transformação. “Porque, enfim, não há traço, nem uma mancha de cor que não apareçam – aparecer é mesmo a palavra – de forma rigorosamente imprevisível. (...) Pensa-se que a mão está à direita e o traço surge à esquerda. Espera-se um traço e surge uma mancha; uma mancha é um ponto. O mesmo acontece muitas vezes com os assuntos: o peixe faz-se ave e a ave transforma-se em fauno.”
- Uma teoria da prática em dramaturgiaPublication . Mendonça, Guilherme; Gonçalves, Maria MadalenaAs três áreas que lecciono – Análise de Texto, Interpretação e Dramaturgia – constituem-se, no âmbito da minha prática, como as três áreas basilares da actividade teatral.
- A distanciação brechtiana e o trabalho do actorPublication . Tavares, Margarida; Gonçalves, Maria MadalenaNo século XIX, o desenvolvimento do drama burguês, posterior ao Iluminismo e ao drama de autores como Lessing, privilegiou o individualismo. Filosoficamente, o pensamento de Kierkegaard elevou o indivíduo à categoria cristã por excelência: a Verdade reside no indivíduo; a multidão é logro e fonte de mal e o dever do Homem é voltar-se para o seu semelhante, o seu próximo, e para a Verdade. Por outro lado, o Romantismo inverteu o sentido da busca do Homem, sentido esse que deixou de ser um movimento ascendente para passar a ser descendente. Quer isto dizer que o Homem deixou de procurar a Verdade fora de si, passando a procurá-la dentro de si. São os seus abismos interiores, as suas pulsões, os seus sonhos, a sua interioridade os principais temas de pesquisa da Arte. A este quadro acrescente-se, ainda, no final daquele século, os desenvolvimentos de outras áreas de investigação, como a psicanálise, por exemplo, que vêm aprofundar este movimento de conhecimento interior do homem (...)