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O nosso conhecimento do mundo decide-se nas representações que dele extraímos - que dele ab-straímos. Os modos do conhecer fundam-se no modo como sintetizamos representações que põem o mundo em estado de representação, convertendo-o diante de nós numa abstracção arrancada à opacidade do aparecer e ao solo da terra (um ab-solus). Sabemos também que as nossas relações com o mundo não se reduzem à representação e que uma boa parte (talvez a mais decisiva) parece escapar à representação, num difícil entrelaçamento entre as mediações da representação e a imediatez da vida (sem que saibamos por vezes qual é que determina ou qual é que precede a outra). Desde a modernidade que as representações do mundo foram legitimadas como uma passagem à objectividade passível de ser calculada e certificada racionalmente, relegando a dimensão estética da representação para um âmbito especulativo que é desconsiderado face ao impulso absolutista das mediações da representação técnico-científica do mundo. Ao mesmo tempo que o controlo da representação se foi tornando progressivamente mais calculado, em simultâneo e um pouco por todo o lado (face à globalização dos sistemas ocidentais de representação) surgiram novos dispositivos de representação do mundo que fazem proliferar uma circulação interminável de imagens a ponto de Heidegger ter afirmado num texto célebre que doravante viveríamos no "tempo das imagens de mundo" (que denunciaria a realização da "metafísica da vontade do sujeito") (...)
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Keywords
Representação
Citation
SILVA, Rodrigo - Para além da representação - nos limites do visível. Cadernos PAR. N.º 01 (2006), p. 48-53.