ESTM - Mestrado em Biotecnologia dos Recursos Marinhos
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- Adding value to the seaweeds Codium sp. and Gelidium corneumPublication . Matias, Margarida Moreira Fernandes; Alves, Celso Miguel da Maia; Pedrosa, Rui Filipe Pinto; Martins, Alice Isabel MendesA indústria cosmética é um dos principais focos de desenvolvimento económico no século XXI, ao mesmo tempo que a exigência de sustentabilidade por parte dos consumidores está a impulsionar a procura de novos ingredientes naturais ativos. Neste âmbito, o objetivo desta dissertação foi avaliar o potencial cosmético de duas macroalgas, elidium corneum e Codium sp. Os extratos hidroalcoólicos destas macroalgas foram submetidos a uma separação líquido-líquido, obtendo-se cinco frações (F1 - F5) as quais foram analisadas por espectroscopia de ressonância magnética nuclear de protão (1H NMR). Recorreu-se a diversos ensaios in vitro para avaliar as seguintes bioatividades: i) antioxidante (quantificação total de compostos fenólicos (TPC), redução do radical 2,2-difenil-1- picrilhidrazilo (DPPH), capacidade de redução do Fe (III) (FRAP) e capacidade de absorção dos radicais livres de oxigénio (ORAC); ii) citotóxica, através do método 3-(4,5-dimetriazol- 2-il)-2,5-difenil brometo de tetrazólio (MTT) em células HaCaT e RAW 264.7; iii) fotoprotetora, quantificando as espécies reativas de oxigénio (ROS) após exposição aos UVA-B, e cicatrizante, através da medição de área cicatrizada em células HaCaT; iv) inflamatória em células RAW 264.7, medindo a produção de óxido nítrico (NO); v) antimicrobiana, contra Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis e Cutibacterium acnes. G. corneum foi a alga selecionada para preparar duas formulações cosméticas. A estabilidade das emulsões foi avaliada através de microscopia ótica, análise do tamanho das gotas, teste de centrifugação e análise reológica. Os maiores rendimentos de extração foram obtidos com os extratos brutos de ambas as algas (45% e 24% para Codium sp. e G. corneum, respetivamente). Os espetros de 1H NMR mostraram sinais típicos de compostos lipofílicos nos extratos brutos (F1), insolúveis em água (F2) e éter dietílico (F3). Sinais caraterísticos de compostos mais polares foram visíveis nas frações de acetato de etilo (F4) e aquosas (F5). A melhor capacidade antioxidante foi demonstrada pelas frações F3 e F4 de G. corneum, tendo F3 a maior capacidade de redução do radical DPPH (EC50: 399,6 !g/mL) e o maior potencial no ensaio FRAP (49,0 ± 5,3 !M FeSO4/g de extrato). A fração F4 obteve o melhor desempenho no ensaio ORAC (3060,0 ± 222,2 !moL T/g de extrato), bem como o maior teor de fenólicos totais (32,9 ± 6,3 mg GA/g de extrato). O extrato bruto (F1) de Codium. sp. promoveu a maior redução dos níveis de ROS (33,5 ± 7,1%), seguido de F1 (27,5 ± 5,8%) de G. corneum. Quanto à capacidade de cicatrização, F2 de G. corneum evidenciou o melhor potencial, com 76,8 ± 10,0% de área sarada em 12 h, seguido de F5 de Codium sp. (73,3 ± 7,2%). Excetuando esta última, nenhuma das frações estimulou a produção de NO nas células RAW 264.7, sugerindo que não causam irritação cutânea. Quanto ao potencial antimicrobiano, a fração F2 de G. corneum inibiu significativamente o crescimento de C. acnes e S. epidermidis (IC50 de 16,1, e 53,3 !g/mL, respetivamente); Codium sp. F3 e F2 foram as mais eficazes contra o crescimento de C. acnes (IC50 de 51,2 e 67,7 !g/mL, respetivamente). Este efeito parece estar relacionado com a hiperpolarização da membrana citoplasmática. Como prova de conceito, a fração F5 de G. corneum foi incluída numa emulsão hidratante e a sua biomassa residual num hidrogel esfoliante. A emulsão com extrato a 1% mostrou estabilidade nos ensaios preliminares. Os resultados sugerem que ambas as macroalgas devem ser exploradas como fontes de ingredientes bioativos com propriedades diversas para uso cutâneo.
- Alternative methods to screen ocean pollution through biomarker assessment in the shark Scyliorhinus canicula (Linnaeus, 1758)Publication . Marques, Alexandre Filipe da Silva; Lemos, Marco Filipe Loureiro; Novais, Sara CalçadaA contaminação por metais pesados, de origem antropogénica, é uma problemática crescente que ameaça muitos recursos marinhos. As cadeias alimentares oceânicas estão a ser afetadas, com os organismos de nível trófico superior em perigo adicional. Predadores de topo, como os tubarões, estão particularmente em perigo devido ao seu lento crescimento e longa vida. São desta forma especialmente afetados pela bioacumulação e biomagnificação. Estudos ecotoxicológicos são assim essenciais para avaliar potenciais riscos destas contaminações, investigando como a bioquímica dos organismos poderá ser afetada. No entanto, muitos destes estudos dependem da análise de biomarcadores em tecidos apenas disponíveis por amostragens invasivas ou letais. Isto é bastante problemático já que muitas espécies de tubarão estão consideradas em perigo de extinção na lista vermelha da IUCN. Existe por isso uma clara necessidade de métodos de amostragem não letais e/ou menos invasivos aplicáveis a estes móveis predadores. Amostragens mais éticas, como sangue ou biopsias de pele através de dardos (método já empregue em cetáceos) são alternativas emergentes. Assim sendo, este estudo pretendeu avaliar o potencial do sangue e de simulações destas biopsias como tecidos, que por si só, possam avaliar contaminação metálica e respostas bioquímicas no pata-roxa do atlântico (Scyliorhinus canicula). Um total de 74 espécimes (40 fêmeas e 34 machos) foram utilizados, resultantes de captura acessória por navios de pesca de arrasto ao largo da costa de Portugal. Sangue e pele foram amostrados de cada individuo, como também musculo e fígado de forma a proceder-se a uma análise comparativa com o intuito de validar o objetivo proposto. A contaminação metálica foi quantificada no músculo mais profundo e nas biopsias de pele. O Arsénio (As), Ferro (Fe) e o Zinco (Zn) tiveram os valores médios mais elevados de todos os metais medidos. Houve uma tendência geral para maior contaminação na pele, com diferenças encontradas entre estágios de vida e sexo dos tubarões. Quanto à contaminação no músculo, vários espécimes analisados ultrapassavam limites de diretivas para o Mercúrio (Hg) e As, sendo por isso impróprios para consumo humano ou mesmo na produção de rações. Ao analisar o mesmo metal, em ambos estes tecidos, foram evidentes correlações positivas entre Crómio (Cr), Hg, As, Fe e Zn.Respostas bioquímicas, relacionadas com o metabolismo energético e stress oxidativo, foram investigadas em todos os tecidos amostrados do S. canicula. Diferenças entre género e maturação foram encontradas para algumas destas respostas. Usando a contaminação medida na pele e no músculo, foi empregue uma análise multivariada na investigação de potenciais relações nas respostas medidas nos biomarcadores. Aqui, os metais As e Hg foram recorrentes na sua maior importância em explicar a variabilidade das respostas bioquímicas. Destes biomarcadores, a peroxidação lipídica (LPO), a lactato desidrogenase (LDH) e a alocação celular de energia (CEA) foram os mais responsivos, com várias e notadas correlações. Este estudo faz um esforço crucial na validação de meios de amostragem não letais, com potencial utilização no estudo e proteção das maiores e mais ameaçadas espécies de tubarão. Fá-lo por ser o primeiro a englobar, em tecidos letais e biopsias da pele, níveis de contaminação e análise de biomarcadores. A utilização destas biopsias é prometedora como substituto do músculo, ao mesmo tempo que ajuda a demonstrar o potencial do S. canicula como bioindicador da polução marinha na costa atlântica portuguesa.
- Aplicação de revestimentos comestíveis, suplementados com macroalgas e plantas halófitas, em filetes de sarda (Scomber scombrus) para redução do teor de gordura em processos de frituraPublication . Freire, Catarina Ferreira Pinto Duarte; Tecelão, Carla Sofia Ramos; Silva, Susana Filipa Jesus; Neves, Marta Maria de Melo LopesO pescado é recomendado no âmbito de uma alimentação saudável pois fornece nutrientes importantes, nomeadamente, ácidos gordos essenciais que são particularmente abundantes em peixes com elevado teor de gordura, como a sarda. A fritura constitui um dos modos de confeção mais apreciados pelo consumidor devido às propriedades sensoriais que confere aos alimentos, em particular, textura crocante, crosta dourada e sabor agradável. No entanto, os alimentos fritos apresentam um elevado teor em gordura, com consequente aumento do seu valor calórico, o que constitui um dos problemas associados ao seu consumo. O trabalho desenvolvido na presente dissertação teve como objetivo desenvolver revestimentos comestíveis para aplicação em filetes de sarda (Scomber scombrus) pré fritura, com o intuito de: (i) reduzir a absorção de gordura proveniente do óleo, (ii) minimizar a perda de água, preservando a suculência do peixe frito e (iii) preservar a qualidade da gordura do peixe, reduzindo a sua oxidação. Para o efeito, prepararam-se revestimentos à base de alginato ou de carragenina suplementados com extratos da macroalga Pelvetia canaliculata ou com extratos da planta halófita Carpobrotus edulis (chorão-das-praias) como fonte de compostos antioxidantes. A atividade antioxidante dos revestimentos foi avaliada pelo teor de fenóis totais e pelo método de DPPH. Os filetes pós fritura foram caracterizados no que respeita à cor, à textura, teor de humidade e cinza, atividade da água, teor lipídico, índice de TBA e perfil em ácidos gordos. Os filetes fritos com revestimentos suplementados com C. edulis, em particular os de alginato, revelaram-se os mais eficientes quer na redução da absorção de óleo como na perda de água, obtendo uma redução de cerca de 30% na absorção de gordura, permitindo obter filetes suculentos e com menor teor lípido. Não foram observadas diferenças significativas na textura e cor dos filetes, comparativamente à amostra controlo (peixe frito sem revestimento), bem como no índice de ácido tiobarbitúrico apresentando valores entre os 0,05 e 0,4 mg MA/Kg, o que indiciou uma preservação da qualidade da gordura do peixe
- Aquacultura de Chondrus crispus e extração de carragenanasPublication . Tanoeiro, João Rui de Azevedo Godinho Pereira; Pereira, Leonel Carlos dos Reis Tomás; Afonso, Clélia Paulete Correia NevesSabe-se que as algas, no seu geral, são consumidas pelos seres humanos há milhares de anos. A procura deste alimento funcional, rico em compostos bioativos, continua a ser claramente superior nos países asiáticos (sendo parte da cultura culinária asiática), no entanto nos países ocidentais já se nota um crescimento na sua popularidade. A aquacultura de macroalgas poderá ser a solução para aumentar disponibilidade de biomassa algal e reduzir o seu custo drasticamente. A macroalga vermelha Chondrus crispus (conhecida comummente por Musgo Irlandês) é já reconhecida há séculos pelo seu uso alimentar e pelo seu teor em compostos de interesse para o Ser Humano. Com a visível diminuição deste recurso na nossa costa (nomeadamente devido à colheita excessiva para exploração e venda) e o seu elevado interesse biotecnológico, devido a compostos tais como as carragenanas, este estudo foca-se no desenvolvimento de técnicas de aquacultura desta espécie, de forma a mitigar os efeitos da sua colheita e verificar o teor em carragenanas. Foram comparadas quatro metodologias: Free Floating, Tentativa de fixação a Rocha, Gaiolas (cages) e linhas fixas semelhantes a Long Line. Visivelmente, o melhor método em termos de crescimento foi o Berçário 0, de tipologia Free Floating, em que ao 24º dia de cultivo obtivemos uma taxa específica de crescimento (SGR) de 2,08%/dia ± 0,47. O pior método em termos de crescimento foi o Berçário 2 (com tentativa falhada de fixação da alga à rocha), onde a SGR a 28 dias foi de 0,33%/dia ± 0,69. Já na extração de carragenanas da macroalga, toda a biomassa derivada dos métodos de aquacultura testados (Berçário 1- Free Floating; Berçário 2- Tentativa de fixação a rocha; e cages) demonstrou um menor teor de carragenanas quando comparada com a biomassa selvagem obtida por colheita (50,95%/dia ± 4,10). No entanto, o método Free Floating do Berçário 1 apresentou um teor de carragenanas aceitável de 31,43% ± 7,00. Após análise de valores de SGR semanais e redução de nutrientes na água dos berçários, foi visível uma correlação positiva. Devemos então investir na aquacultura desta espécie de forma a impedir a redução da mesma nas nossas costas de forma irreversível.
- Assessing marine copepods´ biomass from unsorted field samples - a molecular approachPublication . Ferreira, Guilherme Duarte; Leandro, Sérgio Miguel Franco MartinsRecentemente, o esforço que tem sido dedicado ao desenvolvimento e implementação de legislação para a gestão de áreas marinhas é notório. Nomeadamente, o melhoramento do estado dos ecossistemas está na base da Diretiva da Comissão Europeia para a estratégia marítima de 2008. Esta, define os fatores que têm de ser cumpridos para que se possa atingir o Bom Estado Ambiental em 2020, implicando a necessidade de proteção, de gestão sustentável e do restauro dos mares europeus. Outro dos tópicos abordados nesta Diretiva é o zooplâncton, sob o Descritor Teias Alimentares. O zooplâncton é tradicionalmente identificado usando técnicas simples como a lupa e o microscópio ótico. Esta análise é dispendiosa e demorada, para além de exigir o trabalho de vários taxonomistas especializados em diversos taxa. Os dados recolhidos por estas pessoas fornecem informações rigorosas até ao nível da espécie. O estudo das comunidades é mais rápido, mas falha na caracterização de alguns parâmetros importantes relativos a cada espécie em particular. Assim, para cumprir a Diretiva acima mencionada, é necessário o desenvolvimento de métodos para uma análise de rotina, eficaz e económica, da biomassa de espécies de zooplâncton, nomeadamente de copépodes. Estes, para além de serem membros relevantes no ciclo do carbono, exercem uma pressão diferencial sobre fontes distintas de alimentos e são predados seletivamente pelos seus consumidores diretos. O método proposto é baseado em PCR quantitativo. Além disso, considera o uso de um controlo positivo interno, a espécie estuarina Acartia tonsa. Esta é adicionada a cada amostra antes do processo de extração de DNA, atuando como um agente de normalização. Assim, permite comparar amostras diferentes, incluindo quando possuem eficiências de extração de DNA diferentes. Primeiramente, foram desenhados primers para a Citocromo Oxidase I para duas espécies de copépodes marinhos, Acartia clausi e Calanus helgolandicus. Estes foram testados numa gama ampla de espécies planctónicas e, após comprovada a sua especificidade, foram usados na elaboração de curvas padrão bem estruturadas em termos ecológicos para cada espécie. Assim, as regressões produzidas são simultaneamente capazes de discriminar as diferentes espécies de copépodes e avaliar a sua biomassa. Cada regressão correlaciona o logaritmo das biomassas da espécie-alvo com o Cq (o ciclo de PCR em que a fluorescência viii emitida atinge um limite arbitrário), após normalização com A. tonsa. As amostras padrão foram preparadas após medições precisas de cada indivíduo. O método molecular foi testado em cinco amostras ambientais independentes. Os resultados indicam que as curvas padrão induzem uma estimativa de biomassa semelhante à abordagem tradicional, desde que haja uma diluição adequada e uma extração de DNA eficiente. Os resultados sugerem ainda a existência de uma relação única entre a biomassa dos copépodes calanoides e o Cq. A comprovar-se válida no futuro, ampliaria sem esforço a variedade de espécies detetáveis. Por fim, este método é mais simples do que o tradicional. Assim, o presente estudo provou que o PCR quantitativo é uma alternativa válida para a análise rotineira da biomassa de copépodes, podendo ser incorporado nas políticas de gestão baseadas no ecossistema.
- Assessment of metal contamination levels and stress responses of São Tomé and Principe sea turtlesPublication . Morão, Inês Filipa Cigarro; Lemos, Marco Filipe Loureiro; Novais, Sara CalçadaA ilha de São Tomé é uma importante área de nidificação e alimentação para quatro das sete espécies de tartarugas marinhas existentes no mundo. As tartarugas marinhas são classificadas como espécies ameaçadas (lista vermelha da IUCN) e sabe-se que as tartarugas marinhas estão sujeitas a muitas outras ameaças, nomeadamente a poluição oceânica. São poucos os estudos que têm sido desenvolvidos para avaliar como estas espécies interagem com o meio ambiente e como a poluição as afeta. O objetivo principal deste estudo foi avaliar as concentrações de metais acumulados na espécie Chelonia mydas e os impactos que estes contaminantes terão sobre as respostas de stress e inferir sobre o seu estado de saúde. De modo a alcançar estes objetivos, uma técnica menos invasiva foi efetuada, sendo recolhido sangue de fêmeas nidificantes, durante a desova, em locais de desova bem documentados em São Tomé. Amostras de sangue foram retiradas do seio cervical dorsal e uma porção foi armazenada em tubos contendo EDTA a -20ºC até a análise das concentrações de metais, e outra parte foi armazenada em RNAlater a -20 ° C até extração de RNA e análise de expressão genética usando PCR quantitativo em tempo real (qPCR). Também foram preparados esfregaços com o sangue das tartarugas e os danos no ADN foram avaliados através da observação de micronúcleos ao microscópio. Os resultados demostraram correlações significativas entre a expressão de alguns genes e os níveis de metais contaminantes, apontando alguns genes candidatos para serem usados como biomarcadores de interesse. Este estudo representa o primeiro esforço de abordar os níveis de poluentes e os danos biológicos de tais contaminantes nesta espécie de tartaruga que desova em São Tomé, contribuindo com informação relevante para ser usada em programas de biomonitorização para a conservação desta espécies ameaçadas.
- Assessment of trace metals contamination (Cu, Fe, Mn, Zn, Cd and Pb) at the Óbidos Lagoon using Hediste diversicolor (O. F. Müller, 1776) as a bioindicator.Publication . Bruno, Catarina Sequeira; Fernandes, Sílvia Correia GonçalvesOs ambientes estuarinos representam um grande potencial ecológico e económico, e consequentemente são amplamente explorados (por exemplo, a Lagoa de Óbidos). As atividades antropogénicas são a principal fonte de contaminação por metais traço, elementos que se acumulam no ambiente e nos organismos. A espécie de poliqueta Hediste diversicolor, presente na Lagoa de Óbidos, preenche todos os requisitos de um bioindicador. Esta espécie foi considerada tolerante a poluentes por diferentes autores, em ambientes estuarinos distintos. Como tal, no presente estudo, o principal objetivo foi utilizar H. diversicolor como bioindicador de contaminação por metais traço na Lagoa de Óbidos, avaliando a acumulação de Cu, Fe, Mn, Zn, Cd e Pb, sazonalmente, durante o período de um ano (de 2018 a 2019) em quatro estações de amostragem diferentes (BB, AR, CM e PF). Os resultados foram complementados com a análise da contaminação por metais em amostras de água e sedimentos. Foram também estudadas algumas respostas fisiológicas das poliquetas, a fim de melhor compreender os efeitos da presença de metais e da sua acumulação nestes animais. Todos os metais estudados foram detetados na água, nos sedimentos e nas amostras biológicas. Os metais essenciais Fe e Zn foram detetados em concentrações mais elevadas em todas as amostras biológicas, contrariamente ao Cu e ao Mn. No geral, os organismos provenientes da Lagoa de Óbidos aparentam ser menos tolerantes ao Zn comparando com os restantes metais essencias. Os resultados sugerem que o elemento Mn está claramente relacionado com o crescimento dos organismos, e ainda que o Cu pode ter também influência no crescimento dos organismos. Relativamente aos metais não essenciais, o elemento Cd está menos presente em ambas os tipos de amostras, ambientais e biológicas. O metal Pb aparece em concentrações mais elevadas nas poliquetas quando comparado com o Cd e os resultados indicam que os organismos são mais tolerantes ao Cd do que ao Pb, o qual aparentemente afeta de forma negativa o crescimento dos organismos. Os metais detetados no ambiente e as respostas fisiológicas das poliquetas a estes elementos sugerem uma maior contaminação no Braço da Barrosa (BB), seguida pela estação dos rios Arnóia e Real (AR).Este estudo permitiu concluir que a poliqueta Hediste diversicolor é um bioindicador sensível de contaminação por metais traço na Lagoa de Óbidos.Com efeito, a preocupação com a contaminação de metais neste ambiente estuarino continua a ser uma questão importante para o futuro deste ecossistema. Deste modo, a contínua monitorização da contaminação dos estuários pode assegurar o futuro de muitas espécies, incluindo o ser humano, que é dependente dos estuários para múltiplas atividades, mas também é a maior fonte de impacto e contaminação destes ambientes.
- Atividade das enzimas de defesa antioxidante do fígado de pós-larvas de robalo (Dicentrarchus labrax), alimentados com diferentes níveis de vitaminasPublication . Almeida, Catarina Santos de; Baptista, Teresa Maria Coelho; Ribeiro, Maria Laura BragaDurante os estadios iniciais de desenvolvimento, as larvas de peixes marinhos exibem elevadas taxas de crescimento e de diferenciação dos seus tecidos e órgãos. Portanto, é esperado elevado metabolismo e diferenciação celular, com consequente produção de espécies reativas de oxigénio (ROS). Estes produtos do metabolismo são conhecidos por causar stress oxidativo, com efeito prejudicial no crescimento e sobrevivência das larvas de peixes. Esses organismos têm defesas antioxidantes eficazes para proteger as células do stress oxidativo, mas a eficiência desses mecanismos depende do suprimento adequado de antioxidantes na dieta, como as vitaminas. Portanto, é possível e evidente que a dieta possa ter um papel protetor contra os ROS. O presente estudo teve como objetivo avaliar a atividade das enzimas do stress oxidativo em pós-larvas de robalo alimentadas com diferentes formulações vitamínicas. De modo a perceber se essas formulações eram favoráveis para garantirem sobrevivência a estes organismos, o desempenho do crescimento foi determinado de acordo com as medidas do peso seco e comprimento total. Além disso, para avaliar se as dietas proporcionaram defesa contra o stress oxidativo, analisou-se as respostas das enzimas relacionadas com as defesas antioxidantes (SOD, CAT e GPx). O possível dano oxidativo devido à peroxidação lipídica foi também avaliado pela formação de malondialdeído. Com base nos resultados obtidos foi possível verificar que as pós-larvas de robalo alimentadas com as diferentes dietas experimentais apresentaram crescimento similar entre os tratamentos, revelando que não afetaram o seu desempenho e sobrevivência. As dietas também não afetaram significativamente as atividades das enzimas antioxidantes entre as dietas. Relativamente aos eventuais danos oxidativos, a análise da peroxidação lipídica indicou que os níveis de produção de malondialdeído produzidos não foram também significativos. Conclui-se que as formulações vitamínicas das dietas não afetaram o sistema antioxidante nem causaram danos nos organismos em estudo, permitindo assim um melhor desempenho no crescimento. Desse modo, este tipo de formulações aqui testadas tem potencial para serem suplementos benéficos a incluir nas dietas inertes para aquacultura, mantendo ou melhorando a defesa antioxidante e reduzindo as eventuais perdas que possam surgir devido à exposição da ação dos ROS.
- Avaliação do efeito da acidificação dos oceanos nos pólipos da medusa Phyllorhiza punctata (Von Lendenfeld, 1885)Publication . Marques, Daniel Fernandes; Leandro, Sérgio Miguel Franco Martins; Marques, Sónia Cristina Ferreira CotrimCom o início da revolução industrial e a elevada dependência da sociedade humana da queima de combustíveis fósseis para obtenção de energia, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera tem vindo a aumentar, encontrando-se atualmente nos valores mais altos dos últimos 800 000 anos, esperando-se que continue a aumentar e atinja 1000 ppm no final do século XXI. Os oceanos têm funcionado como um sumidouro de CO2, absorvendo cerca de 30% do dióxido de carbono libertado para a atmosfera, ajudando a amenizar os efeitos do aquecimento global. No entanto, o aumento de CO2 nos oceanos tem conduzido à sua acidificação, causando alterações ao nível da biodiversidade e do bom funcionamento dos ecossistemas marinhos. Atualmente, verifica-se um decréscimo médio de 0.1 unidades no valor normal do pH dos oceanos, sendo que as previsões apontam para uma descida entre 0.2 a 0.3 até final do século XXI. Nas últimas décadas, os blooms de organismos gelatinosos têm vindo a aumentar, sendo reconhecido que os pólipos de medusas desempenham um papel crucial na dinâmica de tais proliferações. A ocorrência de blooms de medusa causa significativos impactos negativos em diversas atividades humanas e nos ecossistemas marinhos, justificando a necessidade de aprofundar o conhecimento sobre os fatores que conduzem a proliferação de medusas. Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os impactos da acidificação dos oceanos nos processos de ingestão, crescimento e reprodução assexuada nos organismos gelatinosos, tendo como modelo biológico os pólipos da medusa Phyllorhiza punctata. Os resultados obtidos neste trabalho demonstraram uma diminuição das taxas de ingestão e crescimento apenas para os valores mais baixos de pH (6.5 e 6.0), sem que, no entanto, fossem observadas diferenças ao nível da capacidade de produção de gomos ou estrobilação. Tais resultados sugerem que os pólipos de P. punctata poderão resistir à acidificação dos oceanos esperada para o final do século (redução do pH em 0.2 a 0.3), podendo esse facto levar a um aumento na ocorrência de blooms à medida que nichos ecológicos forem sendo libertados por espécies mais sensíveis a alterações ambientais.
- Biosilica from deep-sea marine sponge Geodia barretti for the development of 3D printed scaffolds for bone tissue regeneration applicationsPublication . Colares, Rodrigo Valente; Silva, Tiago José Quinteiros Lopes Henriques da; Marques, Catarina; Dudik, Olesia; Afonso, Clélia Paulete Correia NevesOs oceanos sempre foram um grande instigador da curiosidade humana e, desde os tempos das grandes navegações até os dias atuais. Estima-se que a biodiversidade dos oceanos seja maior do que a das florestas tropicais, sendo ainda pouco conhecida e considerada a última barreira às descobertas científicas no planeta. As esponjas marinhas são um dos animais invertebrados mais antigos neste ambiente, sendo estudadas mais recentemente por várias áreas de investigação, pela sua interação com outros microrganismos e propriedades estruturais. As esponjas marinhas apresentam composições fisiológicas, que podem ser utilizados em abordagens terapêuticas, nomeadamente na medicina regenerativa. Além disso, a biossílica de esponjas marinhas tornou-se atraente por sua aplicação em estratégias de engenharia de tecido ósseo. A biossílica de Geodia barretti (GB) foi um material alvo em nosso estudo em comparação com Diatomaceous Earth (DE) e Bioglass® 45S5 (BG) na produção de tintas à base de alginato para fabricação de andaimes de impressão 3D. A obtenção das partículas cerâmicas à base de GB foi realizada através do processo de calcinação. Antes da formulação da tinta, a produção das partículas de sílica de GB, DE e BG foram padronizadas por tamanho na faixa de 36 a 63 µm e caracterizadas físico-quimicamente com o uso de espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier (FTIR), difração de raios-X (XRD) e Microscopia Eletrônica de Varredura - Espectroscopia Dispersiva de Raios-X (MEV / EDS). As “tintas” foram desenvolvidas pela mistura de materiais à base de sílica com solução de alginato e a respetiva avaliação reológica apresentou módulos viscosos e elásticos estáveis, apoiando o avanço para a impressão 3D para produção de scaffolds. A porosidade e distribuição de tamanho de poro dos scaffolds obtidos foram avaliados pela técnica de imagem de micro-TC de raios-X, mostrando sua alta porosidade e interconectividade. A bioatividade dos scaffolds foi analisada por imersão em fluido corporal simulado por até 21 dias seguida pela deteção da formação de fosfato de cálcio em sua superfície, usando MEV / EDS. Os resultados dos testes mecânicos apontam para propriedades de compressão insuficientes quando comparadas às exibidas pelo tecidoalvo. A avaliação biológica dos scaffolds de sílica-alginato com e sem recobrimento de colágeno mostrou que as formulações com biossílica GB tiveram desempenho igual ou melhor que as demais, com a adição de colágeno melhorando a adesão e proliferação celular nos scaffolds.