Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar
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Browsing Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar by Field of Science and Technology (FOS) "Ciências Naturais"
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- Accumulation of microplastics in North Atlantic sharks: causes, potential effects, and bioremediation strategiesPublication . Casado, Roger Busom; Novais, Sara Calçada; Bessa, Ana Filipa Silva; Ceia, Filipe Rafael dos SantosO plástico é um material versátil amplamente utilizado em muitos setores económicos e tem sido produzido em massa desde a década de 1950. No entanto, o plástico é composto por polímeros de difícil degradação que, devido à gestão inadequada atual e outros fatores, resulta na acumulação de grandes quantidades desses polímeros em diferentes ecossistemas da Terra, incluindo nos oceanos. Como o plástico é ubíquo em vários sistemas oceânicos, eventualmente interage com organismos marinhos, levando a eventos de emaranhamento ou ingestão. Muitos estudos têm demonstrado a acumulação de macro- e microplásticos em organismos marinhos. Entre eles, os predadores de topo de vida longa são muito propensos a acumular grandes quantidades de resíduos plásticos devido aos processos de bioacumulação e biomagnificação. Por essa razão, os tubarões carnívoros podem ser considerados bons sentinelas de contaminação por microplásticos, devido à sua alta posição trófica e à diversidade de habitats que podem ocupar (ou seja, desde bentónicos a pelágicos e de ambientes costeiros a oceânicos). O principal objetivo da presente tese foi avaliar a acumulação de microplásticos e outras partículas antropogênicas na espécie de tubarão bentónico Scyliorhinus canicula e compará-la aos dados gerados para o tubarão pelágico Prionace glauca da mesma área geográfica, com ambos os estudos seguindo a mesma metodologia. Tal teve como propósito avaliar diferenças na ingestão de partículas antropogénicas entre os dois tubarões, com a hipótese de que o lixo antropogénico não se acumula uniformemente em diferentes zonas marinhas e, portanto, os organismos marinhos podem tender a acumular partículas antropogénicas mais presentes nos seus respetivos ecossistemas. Além disso, também se pretendia avaliar se os resultados do presente estudo estariam alinhados com a literatura existente sobre a acumulação de partículas antropogénicas em outros tubarões e ecossistemas marinhos (ou seja, água do mar e leito oceânico). Por último, este trabalho também visou estudar como parâmetros digestivos, como enzimas e condições de pH ácido, poderiam afetar as partículas antropogénicas retidas no trato gastrointestinal dos tubarões, a fim de entender que mudanças as partículas antropogénicas podem sofrer durante a sua passagem pelo trato digestivo do tubarão. Além disso, o estudo dos efeitos enzimáticos sobre os plásticos também visou avaliar o potencial biotecnológico dessas enzimas digestivas para a degradação de plásticos. Os resultados mostraram uma incidência de 100% de partículas antropogénicas em ambos os tubarões, com Scyliorhinus canicula acumulando menos partículas por indivíduo (7.84 ± 3.49) do que Prionace glauca (36.31 ± 23.7). Em relação à forma dos itens ingeridos, os tubarões pata-roxa acumularam até 4 vezes menos fragmentos do que os tubarões-azuis. No entanto, para ambos os tubarões, as fibras foram a forma de partículas mais acumulada. Em relação ao tipo de polímero, S. canicula ingeriu principalmente partículas de origem natural (por exemplo, celulose, algodão e outros) e a maioria dos itens ingeridos tinha uma densidade maior do que a da água do mar (flutuação negativa), enquanto P. glauca ingeriu principalmente itens de origem sintética (por exemplo, polietileno, polipropileno e outros), e uma grande proporção das partículas acumuladas tinha uma densidade menor que a da água do mar (flutuação positiva). Por último, em relação aos testes digestivos in vitro, ao simular algumas das condições do trato gastrointestinal dos tubarões, a enzima pepsina foi capaz de causar perda de peso em filamentos de poliamida (4.64%), em filmes de polietileno de baixa densidade (2.32%) e causou alterações estruturais em fibras de algodão. Este estudo destaca a importância de monitorizar a ingestão de partículas antropogénicas em predadores de topo para demonstrar ainda mais a vulnerabilidade desses organismos marinhos à acumulação de lixo marinho, o que pode resultar em potenciais impactos para a saúde dos mesmos, ao mesmo tempo em que oferece informações sobre os diferentes níveis de poluição antropogênica em diferentes áreas marinhas (bentônicas versus pelágicas). Além disso, este estudo também destaca a importância de compreender como as partículas ingeridas se podem comportar dentro do trato digestivo dos organismos para futuramente explorar os seus possíveis efeitos.
- Avaliação da condição em cativeiro do pepino do mar, Holothuria arguinensis, e otimização do crescimentoPublication . Luís, Carolina Isabel de Sá Alves; Pombo, Ana Margarida Paulino Violante; Baptista, Teresa Maria Coelho; Félix, Pedro MiguelA procura por espécies de holotúrias europeias têm aumentado. Holothuria arguinensis é uma espécie promissoras de produzir em aquacultura. O principal objetivo deste trabalho é contribuir para a otimização do cultivo de Holothuria arguinensis, nomeadamente para o seu crescimento e condição em cativeiro. Para otimizar o seu crescimento foi realizado um ensaio nutricional que consistiu na administração de 3 dietas que consistiam em substratos enriquecido com macroalgas, nomeadamente: Sargassum vulgare (controlo), Ulva lactuca e Porphyra dioica. O tratamento com Sargassum vulgare demostrou ser promissor, obtendo resultados bastante superiores no peso e comprimento quando comparado com as restantes. Para avaliar a condição e efeitos do acondicionamento de adultos de Holothuria arguinensis foi analisado o seu sistema imune. Foi retirado líquido celómico de indivíduos com diferentes proveniências (selvagem e cativeiro), realizadas contagens celulares e análises de parâmetros imunes. Este estudo é uma primeira abordagem ao tema e demostrou ser promissora. Os resultados obtidos demostraram que parece existir perda de condição nos indivíduos de cativeiro, no entanto, são precisos mais estudos para confirmar essa afirmação. Estes ensaios constituem um avanço na otimização de produção e domesticação da espécie, mais estudos nestas áreas são essenciais para a produção com sucesso em cativeiro.
- Caracterização do tempo de prateleira durante o desenvolvimento de novos produtos em concentrados líquidos de microalgas para aquaculturaPublication . Carvalho, Hélia Sofia Pinto; Baptista, Teresa Maria CoelhoEstima-se que a população mundial irá aumentar rapidamente até 2050, exigindo um aumento significativo da produção alimentar, com uma procura especial de proteínas de alta qualidade. Prevendo-se que a indústria da aquacultura cresça mais 37%, entre 2016 e 2030, e a sua forte dependência de alimentos produzidos a partir de peixes selvagens capturados não seja sustentável. Torna-se imprescindível o desenvolvimento de soluções inovadoras, por forma a manter o setor da aquacultura económico e ambientalmente sustentável, em conformidade com os principais objetivos de desenvolvimento sustentável, definidos pelas Nações Unidas. O desenvolvimento de produtos comerciais adaptados às exigências do mercado da aquacultura, nomeadamente formulações de microalgas prontas a utilizar, permitem uma otimização e redução dos custos, associados à nutrição dos cultivos auxiliares, nomeadamente na produção de rotíferos, essencial para a produção de larvas marinhas das principais espécies de peixes produzidas em aquacultura. Os produtos em estudo, foram desenvolvidos de modo a se adaptarem às exigências do mercado da aquacultura, neste caso, uma das formulações encontra-se otimizada para a “técnica de água verde” e produção de rotíferos em sistema de batch (fórmula A) e a outra para sistemas intensivos (semi-contínuo), como é o caso do sistema Recirculating aquaculture systems (RAS) (fórmula B). Os produtos desenvolvidos deverão ser devidamente validados, quer em termos da caracterização bioquímica, microbiológica, quer ao nível das características sensoriais, tais como a cor e o aspeto, considerando-se essencial a estabilidade destas ao longo de todo o período de armazenamento e conservação, vulgarmente designado por tempo de prateleira (shelf-life). Através do presente estágio foi possível efetuar a caracterização do tempo de prateleira de 2 produtos/formulações concentradas líquidas de microalgas da espécie Nannochloropsis sp., através da avaliação de um conjunto de parâmetros, nomeadamente análise sensorial, microbiológica e bioquímica, de forma a efetuar a caracterização e investigação das possíveis alterações que possam comprometer o prazo de validade, quer primário quer secundário definido pela empresa.
- Comparative study of biological activities of macroalgae after decoction and infusionPublication . Caetano, Miguel Forte; Pinheiro, Maria Joaquina da Cunha; Ganhão, Rui Manuel ManetaNas últimas décadas, as macroalgas têm vindo a despertar o interesse na comunidade científica devido à sua riqueza em termos nutricionais bem como ao seu elevado teor em compostos bioativos com potencial de aplicação na área alimentar. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do processo de infusão e decocção em duas espécies de macroalgas, verde e castanha, Ulva sp. e Fucus vesiculosus, respetivamente. Para tal, foram testadas duas proporções de macroalga e água (1:16 e 1:50 g/mL), e tempos de tratamento de 5 e 15 minutos no caso da infusão, e de 15 e 30 minutos na decocção. Posteriormente, atributos de qualidade como o teor de sólidos solúveis (TSS, % ºBrix), o pH e a cor (CIE L*a*b*), bem como o teor de fenólicos totais (TPC) e a capacidade antioxidante expressa por diferentes metodologias como captura do radical livre DPPH e capacidade de redução do Fe (III) foram avaliados nos extratos sem tratamento (CTR) e após infusão (INF) e decocção (DEC). A qualidade dos extratos das macroalgas verde e castanha manteve-se em termos maioritários de forma similar nos atributos avaliados. No entanto, a decocção aplicada na proporção de macroalga Fucus vesiculosus e água de 1:50 (g/mL) durante 30 minutos conduziu a alterações significativas de cor, nomeadamente no parâmetro de cor b*, que reflete a coloração amarela. De uma forma geral, também se verificou que a decocção conduziu a uma maior extração de compostos fenólicos, bem como ao aumento da capacidade antioxidante, quando comparado com os resultados obtidos nas respetivas amostras controlo. Neste sentido, conclui-se que processos como a infusão e a decocção permitem a extração de compostos de interesse presentes nas macroalgas estudadas e, em particular, na Fucus vesiculosus. Este fato, combinado com a composição nutricional das macroalgas, potenciam a sua inclusão quer na sua forma natural quer como ingrediente natural a ser adicionado a formulações de alimentos da Dieta Mediterrânea.
- Desenvolvimento de um novo protocolo alimentar para Linguado, Solea senegalensis, à base de copépodes congeladosPublication . Rocha, Mafalda De Sousa; Ribeiro, Maria Laura Braga; Teodósio, Maria Alexandra Anica; Baptista, Teresa Maria CoelhoA qualidade do alimento é essencial para que as larvas obtenham os nutrientes necessários para um desencolvimento normal. Como as larvas de peixes marinhos têm um elevado potencial de crescimento, têm igualmente necessidades nutritivas específicas e elevadas. Copépodes são considerados o melhor alimento para a maioria das larvas marinhos, uma vez que o perfil nutricional preenche os requisitos das larvas de peixes. Os copépodes são uma uma excelente fonte de ácidos gordos insaturados (HUFAs) e poliinsaturados (PUFAs), não necessitando de enriquecimento, como a Artemia spp.. A utilização de copépodes congelados (Planktonic AS, Noruega) é uma nova e vantajosa alternativa para a aquacultura, no qual estão disponiveis durante todo o ano e mantêm a composição bioquímica ao longo do ano. Inicialmente estudou-se o comportamento alimentar do linguado face a este novo produto, pois o mesmo não apresenta movimento. Foi desenvolvido um protocolo para a coloração dos copépodes congelados. Taxa de ingestão e/ou comportamento alimentar foram avaliados quando as larvas foram alimentadas com copépodes corados, não corados e artémia. Observou-se que a coloração aumenta a ingestão de copépodes congelados pelas larvas de peixe, embora a uma taxa inferior quando comparado com a artémia. O objetivo deste estudo foi desenvolver um protocolo alimentar à base de copépodes congelados, em substituição das presas habitualmente utilizadas (rotíferos e artémia), durante o período larvar do linguado, Solea senegalensis. Foram testados 2 protocolos alimentares, 50:50 e Agressivo, com a substituição de 50% e 90%, respectivamente, de presas vivas do protocolo alimentar para liguado habitualmente utilizado na Estação Piloto de Piscicultura de Olhão (EPPO), sendo este consideradoo Controlo. O ensaio larvar decorreu desde a abertura de boca até aos 40 dias após a eclosão (DAE). As amostras foram recolhidas periodicamente para avaliar o crescimento, sobrevivência e a condição nutricional das larvas, através da determinação do índice ARN:ADN e da proteína total. Para avaliar a condição das pós-larvas, peixes de todos os tratamentos foram sujeitos a um desmame aos 40 DAE, com uma dieta inerte com incorporação de 10% de copépodes. O desempenho dos peixes foi seguido até aos 50 DAE. As larvas do tratamento Controlo apresentaram maior crescimento e uma maior taxa de ingestão de presas vivas, no entanto as larvas do protocolo 50:50 apresentaram um melhor índice de ARN:ADN. Estes dados sugerem que para o linguado, os copépodes podem substituir quase 50% das presas vivas.
- Efeito da incorporação de microalgas e copépodes em alimentos para peixe-palhaço, Amphiprion perculaPublication . França, Marcela Domingues; Baptista, Teresa Maria Coelho; Dias, Jorge ProençaO hobby da aquariofilia é uma das atrações mais populares, representando uma grande oportunidade de crescimento económico para a aquacultura ornamental, bem como uma contribuição para a sustentabilidade dos stocks naturais das várias espécies cultivadas (Wabnitz et al., 2003). O peixe-palhaço, Amphiprion percula, é uma espécie de elevado valor comercial, devido à sua coloração laranja intensa e comportamento de simbiose interessante com várias espécies de anémonas, sendo uma espécie chave para a aquacultura ornamental (Madhu et al., 2006). Juvenis de A. percula foram expostos a três novas formulações de dietas, contendo diferentes suplementos, com o objetivo de avaliar o seu efeito no crescimento, sobrevivência e alterações na pigmentação dos indivíduos. As dietas eram suplementadas com copépodes, Chlorella e uma mistura das duas anteriores, sendo usada como controlo uma formulação comercial. Peixes-palhaço com peso médio de 0,13±0,06g foram mantidos em sistema RAS, composto por 12 aquários de 40L e foram alimentados com as dietas experimentais até à saciedade, três vezes ao dia, durante 93 dias. No final do ensaio foram expostos a pesagem e medição para avaliação do seu crescimento. Três indivíduos de cada aquário foram retirados para análise da pigmentação da pele através de espectrofotometria, e fotografias tiradas ao longo do ensaio foram analisadas através do modelo HSB (Matiz-Saturação-Brilho). Embora todas as dietas tenham demonstrado eficácia em promover crescimento e sobrevivência nos juvenis de A. percula, a suplementação com copépodes parece ser a mais eficaz para um rápido crescimento e aumento da pigmentação laranja na pele dos peixes. A melhoria destes aspetos é bastante importante, não só porque permite acelerar a produção em larga escala de indivíduos em cativeiro, nunca esquecendo o seu bem-estar, bem como a melhoria da pigmentação que os torna mais desejados, evitando a sobre exploração dos stocks de indivíduos selvagens.
- Estudo da influência da dieta e da temperatura na resposta imunológica do ouriços-do-mar Paracentrotus lividus (Lamarck, 1816)Publication . Rodrigues, Ana Filipa da Costa; Lourenço, Sílvia Alexandra Pereira; Baptista, Teresa Maria CoelhoO ouriço-do-mar comum europeu Paracentrotus lividus é uma espécie comercialmente importante devido ao elevado valor das suas gónadas, ou ovas. Uma dieta com um alto teor de carotenoides pode aumentar a imunidade destes animais. A temperatura ambiental afeta, de uma forma geral, diversas funções fisiológicas dos invertebrados marinhos. Os ouriços-do-mar têm um sistema imune inato constituído pelos celomócitos que são os componentes celulares responsáveis pela resposta imune secundados pelas proteases e lisozimas. O presente estudo teve como objetivo analisar a influência de dietas com diferentes teores de carotenoides e da temperatura no sistema imunológico e antioxidante do ouriço-do-mar P. lividus. No ensaio nutricional (8 semanas), os animais foram alimentados com três dietas gelificadas: dieta rica em carotenoides (HC); dieta pobre em carotenoides (LC); dieta à base de algas marinhas (Macroalgas). No final do ensaio nutricional, os ouriços-do-mar foram expostos a um desafio patológico time-course, onde foram inoculados com Vibrio parahaemolyticus. Os parâmetros de imunidade celular, humoral e antioxidante foram medidos. No ensaio da temperatura os animais foram expostos a um aumento de temperatura até 24 ᵒC durante 36 dias, ao fim dos quais os parâmetros de imunidade celular e humoral foram medidos. No final do ensaio nutricional, ocorreu um aumento de celomócitos nos ouriços-do-mar alimentados com dietas HC e LC. Destes celomócitos, e de forma semelhante nos três grupos dietéticos, os mais abundantes foram os fagócitos (HC: 58%; LC: 65%; Macroalga: 69%), seguidos pelos granulócitos incolores (HC: 18%; LC: 17%; Macroalga: 16%). Para os parâmetros humorais, os animais alimentados com a dieta macroalga obtiveram uma ativação mais rápida do sistema imune perante a presença de um patógeno. Nos parâmetros de stress oxidativo, a dieta macroalgas foi a que promoveu uma melhor defesa antioxidante nos ouriços-do-mar. No ensaio da temperatura, o número de celomócitos nos indivíduos aumentou com o aumento deste fator. Já na resposta humoral dos animais apenas a concentração de lisozima reagiu ao aumento da temperatura. Em conclusão, as dietas foram aceites pelas ouriços-do-mar, sendo que a dieta que proporcionou uma melhor defesa do sistema imune e antioxidante foi a de macroalgas.
- Evaluating different densities of polychaetes in integrated multi-trophic aquaculture system (IMTA) combining sea urchin Paracentrotus lividus (Lamarck, 1816) and polychaete Hediste diversicolor (O.F. Müller, 1776)Publication . Pechorro, Rafael Rodrigues; Pombo, Ana Margarida Paulino ViolanteCom o crescimento exponencial da população, o sector da aquicultura tem crescido rapidamente nos últimos anos. O desenvolvimento de novas abordagens, tecnologias, sistemas de cultivo e práticas responsáveis e sustentáveis são necessárias para apoiar o crescimento esperado da aquacultura. Uma dessas abordagens sustentáveis é a Aquicultura Multitrófica Integrada (AIMT), que envolve a incorporação de espécies de diferentes níveis tróficos ou nutricionais no mesmo sistema. Nestes sistemas, é crucial selecionar as espécies adequadas de modo a obter um processo biológico e químico otimizado que melhore a qualidade do ecossistema e a sustentabilidade da indústria. Tanto o anelídeo poliqueta Hediste diversicolor como o ouriço-do-mar Paracentrotus lividus são espécies importantes e bem conhecidas na aquacultura. As gónadas de ouriço-do-mar são uma iguaria muito apreciada em todo o mundo, sendo o P. lividus a espécie de ouriço-do-mar mais consumido na Europa e um alvo desejável para a aquacultura. O poliqueta H. diversicolor tem uma grande tolerância fisiológica a fatores ambientais extremos, o que o torna uma espécie adequada para um sistema IMTA. Além disso, tem um elevado valor económico como isco de pesca e como fonte de alimento para outras espécies produzidas em aquacultura. O objetivo deste estudo foi avaliar, pela primeira vez, a viabilidade de um sistema integrado de aquacultura multitrófica à escala laboratorial, combinando P. lividus e H. diversicolor numa experiência de dois meses. Neste estudo, foram testadas três densidades de poliquetas, 150, 300 e 450 ind/m2. Ambas as espécies foram mantidas em três sistemas RAS (sistema de recirculação aquícola), cada um composto por três tanques. Os ouriços-do-mar foram mantidos em cestos flutuantes em cada tanque, enquanto os poliquetas foram mantidos por baixo, numa camada de 5 cm de sedimento. No final da experiência foram avaliados o crescimento somático e o crescimento gonadal do P. lividus, bem como a sua sobrevivência. Foram ainda avaliados os efeitos da densidade de poliquetas H. diversicolor sobre a sua sobrevivência, crescimento e maturação. Os ouriços-do-mar apresentaram uma taxa de crescimento somático ligeiramente superior quando a densidade de poliquetas foi 300 ind/m2, com um aumento de peso de 0,48 ± 0,41 g e de comprimento de 1,35 ± 0,50 mm. Em termos de crescimento gonadal, o índice gonadossomático foi semelhante entre as três densidades testadas, com um aumento médio de 3%. O H. diversicolor apresentou uma taxa de crescimento positiva em todas as densidades testadas, com um ganho de peso variando entre 0,19 ± 0,024 g e 0,16 ± 0,010 g, enquanto os valores da taxa de crescimento específico variaram entre 3,05 ± 0,16 %/dia e 2,78 ± 0,098 %/dia. De um modo geral, este estudo demonstrou que os juvenis de H. diversicolor podem ser produzidos com sucesso em sistemas integrados com ouriços-do-mar P. lividus, tendo como única fonte de alimento os seus resíduos.
- Evaluation of phytotoxicity of seaweed extracts from the Portuguese coast on tomato plantsPublication . Durán Clerque, Roberto Fernando; Lemos, Marco Filipe Loureiro; Félix, Carina Rafaela Faria da Costa; Alves, Celso Miguel da MaiaPrevê-se que a população mundial mantenha um crescimento constante nos próximos anos, pelo que a gestão correcta da agricultura é imperativa para responder adequadamente à crescente procura de alimentos. Esta procura elevada levou à intensificação das actividades agrícolas, incluindo a implementação de produtos fitofarmacêuticos destinados a proteger os cultivos de organismos nocivos, pragas e doenças. Mas a utilização destas estratégias químicas apresenta efeitos nocivos para o ambiente e para a saúde humana. Neste contexto, o ambiente marinho representa uma fonte ampla e valiosa de novos compostos interessantes para substituir os atualmente utilizados. Embora os compostos de origem natural sejam considerados seguros para o consumo humano, o estudo do impacto real da sua aplicação continua a ser indispensável. Assim, o objetivo desta dissertação foi avaliar o potencial antioxidante de vinte e quatro extractos diferentes produzidos a partir das algas marinhas Asparagopsis armata, Codium sp., Fucus vesiculosus e Sargassum muticum, bem como a fitotoxicidade dos extractos aquoso e hidroetanólico. A preparação dos extractos foi realizada através de uma extração sólido-líquido com água, etanol e água (75:25), apenas etanol, acetato de etilo e n-hexano como solventes. No que diz respeito às actividades biológicas, a atividade antioxidante dos compostos foi avaliada através dos métodos 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH), capacidade de absorção do radical oxigénio (ORAC) e poder antioxidante redutor férrico (FRAP), bem como o conteúdo fenólico total (TPC). O efeito fitotóxico foi avaliado, em primeiro lugar, por um ensaio in vitro de punção das folhas, no qual folhas destacadas de tomateiro (Solanum lycopersicum; Solanaceae) foram aplicadas extractos previamente preparados em três concentrações diferentes (0,1; 0,5; e 1,0 mg/mL). Posteriormente, uma segunda abordagem foi avaliada em um ensaio in vivo em estufa, onde extratos aquosos liofilizados e hidroetanólicos foram aplicados em plantas de tomate por pulverização, semanalmente, durante 42 dias. A análise dos extractos revelou valores baixos de conteúdo fenólico total. Os extractos hidroetanólico e etanólico de F. vesiculosus apresentaram os valores mais 2 elevados. No contexto da atividade de redução do radical DPPH, F. vesiculosus (hidroetanólico, etanólico e acetato de etilo), A. armata (acetato de etilo) e S. muticum (etanólico) apresentaram os resultados mais promissores, reduzindo mais de 50% do radical DPPH. Relativamente ao método FRAP, os resultados foram significativamente inferiores aos do BHT. Por outro lado, o resultado obtido no método ORAC foi significativamente superior ao do BHT, mas ainda muito baixo em comparação com outros compostos antioxidantes, como o ácido ascórbico. Em relação ao ensaio de punção foliar, os extractos não apresentaram diferenças significativas quando comparados com os controlos avaliados. Por outro lado, as plantas em estudo in vivo após 42 dias de tratamento não mostraram nem fitotoxicidade nem efeito bioestimulante. Em conclusão, foram obtidos diferentes extractos de quatro algas marinhas diferentes e, globalmente, mostraram uma fraca capacidade antioxidante. Não se verificou qualquer efeito de fitotoxicidade nas plantas, no entanto, a temperatura elevada durante o período experimental na estufa foi um fator que afectou negativamente o crescimento das plantas de tomate. Embora nas condições apresentadas não tenha havido efeito positivo nas plantas, o facto de não ter apresentado efeito negativo e fitotoxicidade é favorável ao desenvolvimento de produtos com outras acções, como os biopesticidas.
- Evaluation of the impact of abiotic factors on the production of phycobiliproteins and exopolysaccharides in a microalga from the phylum RhodophytaPublication . Correia, Carlos Eduardo Santos; Carneiro, Mariana; Afonso, Clélia Paulete Correia NevesNuma era em que a sustentabilidade e a inovação biotecnológica têm grande importância, as microalgas emergem como um ponto central de investigação e desenvolvimento. Estes organismos microscópicos oferecem uma riqueza de promessas em diversos setores, incluindo na alimentação humana e rações, cosmética, farmacêutica e outras aplicações biotecnológicas, devido à sua capacidade de produzir metabólitos de elevado valor. Para atender à procura global por compostos metabolizados por microalgas e garantir a sua produção sustentável, é necessário alcançar uma produção competitiva em termos de preço/qualidade dos produtos obtidos. Neste estágio de mestrado, a atenção centrou-se numa Rhodophyta, designada RHM, amplamente conhecida pelo seu potencial comercial e biotecnológico. Através de diversas experiências em escala laboratorial, procurou-se não apenas maximizar a produção de biomassa, mas também compreender melhor os mecanismos regulatórios que governam a síntese de ficobiliproteínas e polissacarídeos extracelulares. Os resultados para as condições ideais para o cultivo de Rhodophyta envolveram uma irradiância de 320 μmol fotões/m²/s, temperaturas de primavera (12.1–20.2°C) de Olhão, pH 8 e uma relação N:P de 20, alinhando-se com as preferências da espécie. Medidas de proteção são essenciais contra a irradiância excessiva, visto que as baixas temperaturas e os baixos níveis de pH surgem como limitações severas ao crescimento, indicadas por valores baixos de FV/FM associados ao stress nas culturas. Precisamente as condições que levaram a valores baixos de FV/FM mostraram-se benéficas para a produção de polissacarídeos extracelulares. Quanto à produção de ficobiliproteínas, verificou-se que temperaturas mais elevadas aumentam o rendimento, conforme demonstrado nas condições de verão do experimento de temperatura e de irradiação. Para otimizar a extração e quantificação de ficobiliproteínas em diversas condições, um período de congelamento de 24 horas em conjunto com água destilada como solvente mostrou a maior eficiência de extração.