Name: | Description: | Size: | Format: | |
---|---|---|---|---|
1.96 MB | Adobe PDF |
Abstract(s)
A minha prática artística debruça-se nas questões sobre o órgão sexual feminino, o corpo no
seu interior e exterior e a condição singular da Mulher. O trabalho prático teve a sua génese
processual usando o meio escultórico e o desenho, mas quase em simultâneo, a fotografia é
usada, quer como registo da performance quer como meio expressivo em si mesmo, nestas
imagens, corpo e objeto escultórico ensaiam possibilidades de relação e tensão.
O processo escultórico parte da tentativa de compreensão, significância e expressividade
possível do órgão sexual e condição feminina, tornou-se claro ao longo do tempo de
experimentação e auscultação dos dados próprios da biografia pessoal que as questões não eram
meramente formais, mas na forma elas eram empáticas com potencial de irradiação para
questões de social e antropológica ainda não foram totalmente determinadas. A experiência
própria de carregar um vírus no colo do útero, tornou-se um fardo, uma estranheza familiar.
A formulação de uma arte puramente terapêutica não interessa aqui defender, mas a ideia de
Louise Bourgeois de que o artista é dono e senhor da sua própria dor, interessa, perante os
desafios próprios da vida encontrar forma de os sublimar, de os compreender. Neste contexto
a costura aparece como figura, metáfora ou expressão dessa sublimação.
A costura ao mesmo tempo que expressa a dureza da ferida e da cicatriz vai tecendo sentido à
própria biografia.
O trabalho de desenho recorre à linha e á mancha, a linha espacial joga tece a mancha temporal
e vermelha, por vezes este trabalho revela alternadamente, o desenho enquanto acontecimento
autónomo especulativo tocando o inconsciente, e em outras clarifica formas a realizar em
escultura.
A união entre estas duas disciplinas artísticas é assinalada pelo uso de uma ou várias tonalidades
de vermelho próprio do corpo e do sangue.
A partir da observação das esculturas expostas passivamente surgiram questões pertinentes,
“Para que servem? Como é que cada uma pode fazer justiça à minha experiência, emoções,
conceções e perceções?, surge a fotografia como resposta criando um trabalho de conjunto.
Nestas imagens com a modelo e as peças, transformo-me em fotógrafa e captora do momento
performativo. Isto é, dois corpos (a modelo e a escultura) convertem-se em apenas um,
recorrendo a um diálogo corporal estudando as suas dificuldades, inseguranças, exploração,
descoberta e aceitação entre o seu próprio corpo e um objeto estranho que não lhe pertence.
Description
Keywords
Vermelho Dobra Corpo Cicatriz Condição feminina