ESTM - Teses de Doutoramento de docentes
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Browsing ESTM - Teses de Doutoramento de docentes by Subject "adolescentes, escolhas alimentares, atividade física, atitudes alimentares, autoeficácia."
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- Escolhas alimentares de atividade física: fatores moduladores das opções dos adolescentesPublication . Cardoso, Susana; Loureiro, Isabel; Nunes, Carla; Santos, OsvaldoRESUMO Introdução: Um estilo de vida adequado, especialmente ao nível dos hábitos alimentares e de atividade física, é crucial para uma vida saudável. Hábitos iniciados a partir da infância e perpetuados pela vida adulta, apresentam impacto considerável na saúde do indivíduo e na saúde pública, estando associados às principais causas de morte e a gastos em saúde. Os determinantes das opções alimentares e de atividade física são diversos e interagem de uma forma complexa. A compreensão desta rede de fatores, na fase da adolescência, é especialmente importante, sendo o objetivo principal deste trabalho. Esta é uma fase de transição e de importante oportunidade de intervenção para alterar determinantes dos comportamentos. Este estudo pretende identificar e caracterizar determinantes das escolhas alimentares e de atividade física dos adolescentes. Material e Métodos Realizou-se um estudo transversal, sobre uma amostra de adolescentes, com idades compreendidas entre 14 e 18 anos de idade, provenientes de duas escolas de Coimbra. De uma abordagem quantitativa, passou-se a uma abordagem qualitativa. Para o estudo quantitativo aplicaram-se as escalas: EHA (escala de hábitos alimentares), IPAQ (questionário internacional de atividade física), TAA-25 (teste de atitudes alimentares) e a GSQ (escala de autoeficácia geral). Estudaram-se as variáveis: sexo, idade e escalão socioeconómico, tal como as decorrentes da aplicação das escalas, aplicando testes estatísticos. Para o estudo qualitativo, a partir dos resultados da abordagem quantitativa, foram selecionados subgrupos com características diferentes: Grupo A: alunos com elevado score de comportamentos alimentares (EHA≥160) e padrão adequado de atividade física (moderada ou elevada), subdividido em A1. (boa autoeficácia e sem risco de patologia do comportamento alimentar) ou A2. (alunos com risco de patologia alimentar; razoável autoeficácia) e Grupo B: alunos com baixo score de EHA (EHA≤125), subdividido em B1. (sedentários; sem risco de patologia do comportamento alimentar; com baixa autoeficácia) ou B2. (bom padrão de atividade física; com risco de patologia do comportamento alimentar) ou B3. (com bom padrão de atividade física, sem risco de patologia do comportamento alimentar). Procedeu-se então a uma abordagem do tipo grounded theory, com entrevista semiestruturada e codificação aberta pelo método de Charmaz. Pesquisaram-se determinantes biológicos, ambientais e socioculturais percecionados pelos adolescentes.Escolhas Alimentares e de Atividade Física dos Adolescentes Resultados Existem diferenças significativas entre os sexos, ao nível das escolhas alimentares, atitudes alimentares, atividade física e perceção de autoeficácia geral. As raparigas apresentam hábitos alimentares mais adequados (t=3,84; p<,0001; r2 ajustado=,037, p<,0001), sobretudo no que respeita às subdimensões qualidade e quantidade. Os rapazes apresentam menos 5,5 valores de média em escala EHA do que as raparigas. As raparigas omitem mais frequentemente o pequeno-almoço, ingerem menos alimentos ricos em fibra, ingerem mais doces entre refeições, petiscam mais, bebem menos água e ingerem menor quantidade de peixes gordos. No entanto, tendo em conta os restantes itens e a classificação da escala no geral, as raparigas apresentam melhores hábitos alimentares. As raparigas referem também fazer menos atividade física (2(2)= 28,2, p<,001) e apresentam maior risco de desenvolver patologia do comportamento alimentar (t=3,54; p<,0001; OR=4,04). Este risco parece dever-se especialmente a uma diferente motivação para a magreza e perceção de menor autoeficácia geral (t=2,45; p =,015), obtendo piores resultados sobretudo ao nível das subdimensões iniciativa e persistência e eficácia social. Através de regressão multinomial verifica-se que o sexo e a autoeficácia geral assumem influência relevante sobre os hábitos alimentares. Os ideais de beleza podem influenciar este efeito registado ao nível dos sexos. As raparigas desenvolvem estratégias para perder peso, o que pode passar pela omissão do pequeno-almoço e por comportamentos que predispõem para o distúrbio do comportamento alimentar. Já os rapazes, para os quais o ideal de beleza inclui o corpo mesomórfico, referem maior atividade física, associado ao objetivo de conseguir maior massa muscular. A resistência à adversidade será, para eles, uma das subdimensões da autoeficácia geral com maior peso nas escolhas, estando associada igualmente à perceção de autocontrolo. A perceção de autoeficácia, cujo efeito assume maior relevância para os rapazes, funcionará como um fator protetor que reduzirá as opções pouco saudáveis. Quer os hábitos alimentares, quer o padrão de atividade física, apresentam correlação significativa com as atitudes alimentares e com o risco de desenvolvimento de patologia do comportamento alimentar (rSP=,203; p<,001 e rSP=,181, p<,001 respetivamente) e autoeficácia geral (r=,26, p<,001 e rSP=,179, p<,001, respetivamente). As situações de risco de desenvolvimento de patologia do comportamento alimentar surgem ao nível dos adolescentes com melhores hábitos alimentares.Escolhas Alimentares e de Atividade Física dos Adolescentes A partir das entrevistas realizadas aos subgrupos de hábitos alimentares antagónicos, identificaram-se determinantes da escolha alimentar percecionados pelos adolescentes de ambos os grupos. Os mais referenciados foram (por ordem decrescente): a influência da família, preferências em termos de paladar, hábitos familiares, regras de alimentação saudável e disponibilidade. Os determinantes referenciados por maior número de adolescentes foram influência da família e hábitos familiares, perceção do risco, conhecimento das regras de alimentação saudável e preferências alimentares. Juntam-se às mencionadas referências, fatores como perceção de autocontrolo, sensações de bem ou mal-estar, influência dos pares, fome/saciedade, o facto de se encontrarem a desenvolver ou não tarefas, impulsividade, tempo disponível, humor/stress e preço dos alimentos. Para a atividade física foram sobretudo referidos como determinantes da escolha o bem-estar e a saúde. Alguns referiram a companhia como motivadora e, como limitadores, a preguiça e o tempo disponível. Conclusões As diferenças encontradas ao nível dos sexos, justificam intervenções diferenciadas. Fatores como a autoimagem poderão ser trabalhados. A família deverá ser considerada como integrante das intervenções ao nível da educação para a saúde e estas intervenções deverão fazer parte dos currículos escolares. Medidas administrativas tomadas pelas escolas e pelos agentes governativos, concretamente no que toca ao funcionamento das cantinas escolares e organização de horários, poderão facilitar as escolhas mais saudáveis, modulando o efeito de determinantes como tempo disponível e disponibilidade.