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Authors
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Abstract(s)
Por razões que até certo ponto ultrapassam o meu livre arbítrio, o
meu trabalho etnográfico tem estado ligado a fenómenos eminentemente
performativos. Primeiro o fado (Fradique 1994) - o menos escolhido e talvez
um dos mais surpreendentes de todos os terrenos -, estava ainda a acabar a
licenciatura. Depois, a música rap e as suas práticas num Portugal a gerir um
discurso público no contexto da sua “pós-colonialidade” (Fradique 2003). Por
último o teatro, um terreno ainda não fechado e onde procuro reconciliar-me
com uma dimensão até aqui indirectamente evitada: a do performer enquanto
agente da cena e o palco como espaço de observação. De certo modo há anos
que me tentava libertar desta espécie de timidez em avançar para esse lugar
extremo. Extremo não só na sua exposição mas, sobretudo, na sua autonomia
e na sua capacidade de subversão. É por isso que partilho do sonho de Turner
e, mais do que nunca, busco uma antropologia liberta de qualquer coisa que
é mais difícil de definir do que a sensação que provoca. Este texto assume-se
assim como o resultado de um estado. Um estado de busca em aberto. Como
uma pequena ferida.