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Authors
Abstract(s)
Corema album (L.) D. Don, popularmente conhecida como camarinha, é
um arbusto característico de regiões dunares e de falésias da Costa Atlântica
Ibérica. Devido à crescente degradação de seu habitat natural, por alterações
no ecossistema e pelo avanço da urbanização nas regiões de prevalência da
espécie, este estudo, através da caracterização físico-química e determinação
dos principais componentes bioativos do fruto, visa contribuir com o
reconhecimento da espécie, de modo a confirmar seu valor nutricional e
potencial benéfico para a saúde.
As determinações físico-químicas revelaram que a camarinha possui uma
altura média de 8,81 mm ± 0,61, diâmetro médio de 8,93 ± 0,64, calibre de 0,89
cm ± 0,89, volume médio 2,92 cm3 ± 0,30 e elevado teor de umidade (81,68% ±
0,45). O teor de açúcares redutores para sementes, polpa e folhas liofilizadas
foram de 23,69 mg/100g ± 0,82, 71,55 mg/100g ± 1,09 e 218 mg/100g ± 2,30
respetivamente. O perfil de ácidos gordos revelou que, para extratos das folhas
e polpa liofilizadas, os ácidos graxos polinsaturados (PUFAs) representam
55,41% e 46,99% do total de ácidos gordos respetivamente. Nas sementes o
ácido araquídico (C20:0) e o ácido linoleico (C18:2n-6) aparecem em maior
quantidade, 50,80% ± 1,20 e 31,10% ± 0,35 respetivamente. O conteúdo
fenólico total foi de 83,64 mg VCEAC/100g ± 1,04 para amostras do fruto
inteiro, 246,73 mg VCEAC/100g ± 21,20 para as folhas, 32,00 mg VCEAC/100g
± 2,39 nas flores, 31,44 mg VCEAC/100g ± 0,20 para polpa desidratada, 28,48
mg VCEAC/100g ± 0,44) para sementes desidratadas e de 59,54 mg
VCEAC/100g ± 2,45 no sumo.
A atividade antioxidante total foi determinada através dos ensaios ABTS,
DPPH e FRAP, sendo DPPH o teste que apresentou maior correlação (r =
0,9216) entre o conteúdo fenólico total e a atividade antioxidante. Os resultados
obtidos para a capacidade antioxidante total por meio do teste DPPH foram de
168,07 mg VCEAC/100g ± 2,27 para folhas, 90,19 mg VCEAC/100g ± 3,32
para flores e 60,70 mg VCEAC/100g ± 0,19 para o sumo. Em relação à polpa e as sementes desidratadas, os resultados obtidos foram de 51,62 mg
VCEAC/100g ± 2,35 e 45,32 mg VCEAC/100g ± 1,24 respetivamente. O ensaio
NMR, realizado em extratos da polpa desidratada de camarinha, permitiu
identificar alguns polifenóis que podem estar contribuindo com o teor total de
fenólicos e a capacidade antioxidante, sendo estes atribuídos ao ácido
cumárico, ácido caféico, ácido procatequino, hidroxitirosol e oleuropeínas.
Diante dos resultados relatados, a camarinha pode se apresentar como
uma proposta viável e inovadora para alguns nichos de mercado na elaboração
de formulações de novos produtos, tanto por se tratar de um recurso nativo
quanto por suas características bioativas.
Relativamente à aplicação da pesquisa, foi desenvolvida uma cerveja tipo
Ale com a incorporação de camarinha, cuja principal finalidade foi valorizar o
potencial comercial e económico do fruto, além de conferir um aumento das
propriedades funcionais à bebida. A partir de uma análise subjetiva, foi possível
definir o produto final como uma cerveja de sabor levemente ácido e frutado e
com suave amargor. A cerveja também apresentou elevada capacidade
antioxidante, sendo que esta característica aliada a sabores mais disruptivos
pode agregar atributos diferenciados e capazes de surpreender o consumidor.
Description
Keywords
Camarinha frutos silvestres compostos bioativos inovação alimentar