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Abstract(s)
Os moluscos bivalves, porque se alimentam por filtração da água, acumulam microrganismos e substâncias químicas. Como consequência podem ser alimentos vetores de agentes nocivos, como por exemplo contaminantes químicos, nomeadamente mercúrio, cádmio e chumbo, bem como de contaminantes biológicos, dos quais podemos enumerar bactérias, vírus, parasitas e microalgas portadoras de biotoxinas. Estas contaminações são suscetíveis de serem causadoras de diversas doenças no Homem. Assim, o seu estado de salubridade reflete a contaminação microbiológica e teor em metais tóxicos das zonas onde se encontram, podendo, mesmo, conter níveis superiores aos existentes no meio ambiente.
A produção de moluscos bivalves em aquacultura tem aumentado significativamente ao longo dos anos
embora existam várias condicionantes que dificultam a sua expansão, tais como ambientais, políticas e a própria vertente turística, esta última por ter zonas coincidentes com as zonas de produção aquícola,
impossibilitando a sua expansão.
O objetivo principal desta investigação foi recolher informação sobre os determinantes e práticas individuais de consumo de bivalves, caraterizando a relação entre o consumo, o conhecimento da sua origem (selvagem ou de aquacultura) e os riscos associados ao consumo, permitindo, assim, compreender e caracterizar a perceção do consumidor face a este tipo de alimentos. Com este trabalho pretendeu-se igualmente caracterizar o consumidor de bivalves face aos determinantes de compra e de consumo em Portugal Continental. Procedeu-se à realização de um inquérito, aplicado a uma amostra de 1205 inquiridos, em Portugal Continental, maioritariamente do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 31 e os 45 anos e residentes maioritariamente na zona Centro. A amostra final englobou todos os inquiridos que são efetivamente consumidores de moluscos bivalves, que correspondeu a 803 inquiridos.
Os resultados permitiram constatar que a perceção do consumidor face ao consumo de bivalves provenientes de aquacultura é influenciada pelas características sociodemográficas dos inquiridos, nomeadamente a faixa etária, área de residência, rendimento do agregado familiar e número de elementos do agregado familiar. Estas características assumem um papel fundamental nos hábitos de compra e consumo de bivalves provenientes de aquacultura comparativamente aos bivalves selvagens.
No geral, apesar dos consumidores portugueses serem consumidores de moluscos bivalves, é relevante referir que ainda existe alguma relutância face ao seu consumo quando estes são provenientes de aquacultura, uma vez que continuam a dar preferência aos bivalves selvagens. Ficou demonstrado que os consumidores consideram como muito importante para o consumo de bivalves de aquacultura, fatores como o preço, a frescura, o facto de ser um alimento seguro e o sabor.
Os bivalves mais consumidos pelos inquiridos são a amêijoa, o mexilhão e o berbigão, de forma ocasional e maioritariamente o modo de confeção é cozido, sendo que a maioria dos inquiridos não considera os bivalves como um risco para a saúde pública. Relativamente aos perigos conhecidos pelos inquiridos, os mais referidos foram os metais tóxicos, perigos microbiológicos e biotoxinas marinhas.
Visto que a preferência de consumo de bivalves recai nos bivalves selvagens, torna-se necessário incentivar e influenciar um maior consumo de bivalves provenientes de aquacultura, a nível nacional, bem como apostar mais na promoção de campanhas de informação ao consumidor com vista a divulgar a qualidade dos produtos provenientes de aquacultura. É fundamental colmatar o desconhecimento reconhecido face ao risco de consumo de bivalves e sobre o seu conteúdo nutricional, contribuindo positivamente para a valorização das espécies de bivalves de aquacultura como uma alternativa alimentar segura e sustentável, comparativamente aos bivalves selvagens.
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Keywords
Aquacultura Bivalves Consumidor Risco Valorização