Browsing by Author "Perez, Erick Alejandro Villegas"
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- Atividade anti-inflamatória e anti-viral de bromoditerpenos isolados da alga Sphaerococcus coronopifoliusPublication . Perez, Erick Alejandro Villegas; Alves, Celso Miguel da MaiaA inflamação é uma resposta inata para manter a homeostasia do organismo, atuando como mecanismo de defesa contra diversos fatores, incluindo patógenos, células danificadas e compostos tóxicos. Contudo, quando essa reação é demasiado prolongada, pode causar problemas ao nível dos tecidos e órgãos, inclusive conduzir à morte. A COVID-19 é uma doença infeciosa causada pelo vírus SARS-CoV-2, do grupo dos coronavírus, que, frequentemente, se manifesta com sintomas de infeção respiratória aguda, com grande impacto na saúde e nas economias globais. O desenvolvimento de medicamentos neste contexto é complexo e vai desde a compreensão do mecanismo de ação até à avaliação da sua eficácia e toxicidade. Como tal, o desenvolvimento de agentes terapêuticos contra o vírus SARS-CoV-2, que mitiguem alguns efeitos da doença como a inflamação severa, é uma necessidade, já que a terapia convencional tem limitações, incluindo a possível redução da eficácia das vacinas contra as variantes com mutações em genes-chave. Neste contexto, os organismos marinhos constituem fontes excecionais de novas moléculas com potencial terapêutico, como os bromoditerpenos presentes na alga vermelha Sphaerococcus coronopifolius, os quais já demonstraram atividades anticancerígenas, antifouling e antimicrobianas. Contudo a sua capacidade anti-inflamatória ainda permanece desconhecida. Utilizando técnicas de cromatografia em coluna preparativa (CC) e semipreparativa (HPLC) foi possível isolar quatro compostos desta alga. Através de análise por ressonância magnética nuclear de protão (1H RMN) foi possível identificar o sesquiterpeno Aloaromadendreno, e três bromoditerpenos, Sphaerococcenol A, Bromosphaerol e 12Rhidroxi-bromosphaerol. Para avaliar o potencial anti-inflamatório destes compostos, foi previamente realizado um teste de citotoxicidade em macrófagos RAW 264.7 (0,01 – 10 μM; 24 h) para definição das concentrações sub-tóxicas. Nenhum dos compostos estimulou a produção de óxido nítrico (NO). Nos macrófagos RAW 264.7 tratados com lipopolissacarídeos (LPS), o Aloaromadendreno (1 μM) reduziu significativamente a produção de NO de 171,5 ± 8,9% para 111,0 ± 4,8%. Por sua vez, o Bromosphaerol (10 μM) foi o composto que exibiu a maior redução da concentração do fator de necrose tumoral (TNF-α) (637,5 ± 192 pg/mL) comparado com o tratamento com LPS (1209,0 ± 84,6 pg/mL). No que diz respeito, à interleucina-6 (IL-6), o Sphaerococcenol A (0,1 μM) reduziu significativamente os seus níveis (129,3 ± 31,3 pg/mL), quando comparado com o tratamento com LPS (862,7±39,9 pg/mL). Finalmente, o composto 12R-hidroxi-bromosphaerol (1μM) foi o único que demonstrou estimular significativamente a produção da citocina anti-inflamatória interleucina-10 (1301.0 ± 381,1 pg/mL). No que diz respeito à atividade antiviral, foi realizado um ensaio dinâmico in-silico, com recurso à ferramenta informática Dockthor, utilizando as estruturas (PDB:6LU7) da Mpro, proteína essencial no processo de replicação do SARS-COV-2 , (PDB: 6M0J) da Spike, e (PDB:1O9K), proteína essencial na entrada do vírus na células hospedeira, e da pRb, proteína essencial na eliminação da propagação de células cancerígenas O composto 12R-hidroxi-bromosphaerol demonstrou a maior afinidade, assim como estabilidade nas ligações com a proteína Mpro, com uma energia de afinidade de -8.1 (kcal/mol) e uma interação hidrofóbica com Cys145 (distância 5,35 Å). Por sua vez, o Bromosphaerol exibiu interação com a proteína Spike, apresentando uma energia de afinidade de -7.9 (kcal/mol). Relativamente à proteína pRb, o composto 12R-hidroxi-bromosphaerol foi o que exibiu uma maior interação com uma energia de -8.4 (kcal/mol). No entanto o Sphaerococcenol A foi o único composto que interagiu com o sítio ativo da pRb, mediante uma ponte de hidrogénio com Arg467 (distância 2,58 Å). Em suma, os compostos da alga vermelha Sphaerococcus coronopifolius, demonstram capacidade de mediar efeitos em diferentes biomarcadores relacionados com o processo inflamatório, assim como interagir com diferentes proteínas relevantes no processo de infeção do SARS-CoV2. Como tal, estes compostos poderão contribuir para inspirar o desenvolvimento de novos agentes terapêuticos para tratamento de doenças virais, com SARS-CoV2.