Browsing by Author "Mendes, Daniela Filipa Ferreira"
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- O namoro na terceira idade: transformação de si e dos outros e envelhecimento ativoPublication . Mendes, Daniela Filipa Ferreira; Vieira, Ricardo Manuel das NevesGrosso modo, pretendemos desenvolver uma pesquisa com cinco idosos da instituição Santa Casa da Misericórdia de Soure (SCMS), todos eles viúvos, que experienciam o namoro nesta fase da vida. Tenta-se compreender a importância do namorar enquanto conversar, murmurar, ou seja, comunicar com afeto, na qualidade de vida e envelhecimento ativo dos sujeitos. Trata-se de um trabalho de natureza etnográfica, sobre o que se passa dentro de instituições de terceira idade e entre relações de enamoramento com pessoas com mais de 80 anos. Com esta investigação, pretende-se conhecer a transformação que ocorre entre os novos casais constituídos pelas relações de namoro e a importância que isso tem na sua qualidade de vida e no seu próprio envelhecimento ativo. O objetivo é perceber como o namoro emerge como um projeto que dá sentido à vida, que se torna mais ativa e com qualidade. O envelhecimento ativo e a qualidade de vida também dependem das relações sociais que os idosos estabelecem com outros, quer sejam da sua geração quer sejam de outras classes etárias. Desta forma, o namorar, enquanto prática social de estreitamento e comunicação das relações e dos afetos, pode ser entendido como via de promoção do envelhecimento ativo e com qualidade de vida. Em termos de resultados, o namoro trouxe a cada um dos indivíduos estudados a ampliação e a reconfiguração da sua identidade. Passaram a ser um “nós”, passou a existir um projeto coletivo e a identidade de cada um ampliou-se, tornando-se mais dinâmica, pois passou a integrar o outro nele, que passou a pensar coletivamente. Agora já não se pensa na comida só para si, faz-se comida para dois. Este caso é um bom exemplo da reinvenção de si entre os idosos enamorados. Neste sentido, emerge um novo projeto, reconfigura-se a identidade, reconfigura-se o projeto de vida. Quer-se viver mais, os idosos sentem-se melhor, o envelhecimento torna-se mais ativo, os idosos tornam a cozinhar, tornam a fazer a barba, a cuidar da imagem, a colocar perfume e etc. Os idosos descobriram assim, com o namoro, uma forma de combater a deterioração da identidade social porque o viúvo tem, de alguma forma, uma identidade deteriorada, está sozinho, está isolado, está mais abandonado e podemos afirmar que há uma imagem social de solidão que pode ser reconfigurada a partir do momento em que a pessoa passa a ter um companheiro ou uma companheira.