Vieira, Ricardo2012-02-162012-02-162008http://hdl.handle.net/10400.8/515Comunicação apresentada no III Congresso Internacional sobre Pesquisa (Auto) Biográfica (CIPA), Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2008.Nesta mesa redonda, procurarei, com a minha fala, mostrar como professores, imigrantes e idosos, com quem tenho feito investigação biográfica, se redescobrem, racionalizam experiências passadas, opções tomadas, etc., pela possibilidade de terem alguém que os ouve e os questiona a partir das suas próprias lógicas e contextos. Os sujeitos entrevistados reflectem, assim, também eles, sobre as intenções do inquiridor e sobre si próprios. Neste sentido tornam-se também investigadores de si próprios. O papel do investigador não é o de, por artes mágicas, encontrar o verdadeiro sentido das práticas dos sujeitos estudados. A interacção, devidamente centrada no questionamento das práticas na lógica do entrevistado e em comparação com outras alternativas, é, possivelmente, também uma via para reforçar a competência da reflexividade na vida profissional destes investigados e para a conscientização da identidade pessoal e social. Ao nível do estudo com professores, pretendo mostrar como se constrói, em cada caso, a disposição para a construção da interculturalidade na sala de aulas. Ao nível do estudo de imigrantes brasileiros em Portugal, trabalhando com a primeira vaga (final dos anos 80: mão de obra qualificada) e a segunda vaga (transição do século XX para o XXI: mão de obra desqualificada) pretendo mostrar como se reconstrói a identidade entre duas margens: a cultura de partida e a cultura de chegada. Ao nível da pesquisa com idosos, pretendo mostrar a utilidade de narrativas para compreender a força do projecto pessoal de cada um na construção de uma certa qualidade de vida, ao nível das dimensões mais subjectivas do viver. Em qualquer dos três casos, é usada a teoria da transfusão cultural (Vieira, 1999) e observada a heterogeneidade de modos de viver entre culturas, seja rejeitando a de origem (o caso dos oblatos), seja rejeitando a de chegada num dado momento (os monoculturais de acordo com a cultura de partida), seja vivendo de forma ambivalente entre as duas (o caso do eu multicultural), seja inventando a terceira margem, como dizem os poetas, que corresponde a uma atitude de incluir as diferenças culturais por que se passou ao longo da história de vida num self intercultural.porEntrevista etnobiográficaReflexividadeIdentidade(Auto)formaçãoSubjectividadeQualidade de vidaAs histórias de vida como instrumento de investigação e (auto) formação de professores, imigrantes e idososconference object