Frade, João Manuel GraçaLopes, Inês Sofia Mendes2024-08-232024-08-232024-07-01http://hdl.handle.net/10400.8/9910O presente relatório, apresentado para obtenção do grau de Mestre em Enfermagem de Saúde Familiar, surge no âmbito da unidade curricular Estágio III: Estágio de Natureza Profissional em Enfermagem de Cuidados à Família em contexto de USF/UCSP, desenvolvida na USF Beira Saúde entre 7 de setembro de 2023 e 8 de janeiro de 2024. As atitudes do enfermeiro face à família (domínio recentemente estabelecido nas funções do Enfermeiro Mestre em Saúde Familiar) norteou a tomada de decisão pelos objetivos estabelecidos e atividades desenvolvidas na Unidade de Saúde Familiar Beira Saúde. No presente relatório, descrevo o contexto da prática clínica desenvolvida, a fundamentação teórica, enuncio as atividades desenvolvidas no âmbito da aquisição de competências do Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária-Área de Saúde Familiar, desenvolvo Prática Especializada Baseada na Evidência e analiso de forma crítico-reflexiva os resultados obtidos e o percurso percorrido. A evidência científica é sustentada na questão de investigação: Em que medida, os enfermeiros apresentam atitudes de suporte face à família durante a consulta com o adolescente? Enquadramento: A «família com filhos adolescentes» é considerada a etapa mais extensa e exigente do ciclo vital da família (Alarcão, (des)Equilíbrios familiares- uma visão sistémica, 2002) pautando-se por intensas transformações biológicas, emocionais e socioculturais (Wright & Leahey, 2018). Sabe-se que parte dos hábitos adquiridos durante o período da adolescência, persistem durante a vida adulta e influenciam a qualidade da saúde futura (Sousa, Franzoi, & Morais, 2022) e apesar de ser considerado faixa etária saudável na sua globalidade, constata-se que os problemas mais prevalentes resultam de comportamentos de risco. Estima-se que o suicídio é a quarta causa de morte mais comum entre os 15-19 anos (UNICEF, 2021). O uso das redes sociais confere um aumento de insatisfação corporal, baixa autoestima, sintomas depressivos e distúrbios alimentares provocados pela tendência de comparação da aparência (Sousa, Franzoi, & Morais, 2022). Também a Pandemia Covid-19, veio destabilizar os processos normativos que pontuam a fase da adolescência. Tendo em conta estes factos, torna-se essencial perceber de que modo os enfemeiros de família apresentam atitudes de suporte face à família com filhos adolescentes, pois estes profissionais têm um papel fundamental na promoção da saúde familiar, contribuindo na sua capacitação, mobilizando os recursos internos e externos e estimulando a sua autonomia através de uma abordagem colaborativa (Figueiredo M. H., Modelo Dinâmico de Avaliação e Intervenção Familiar - Uma Abordagem Colaborativa em Enfermagem de Família, 2020). Objetivos: Descrever as atitudes dos enfermeiros dos CSP da ULS Castelo Branco face ao envolvimento das famílias nas consultas com adolescentes. Metodologia: Estudo integrado no projeto CuidarFam, de natureza quantitativa, descritiva e correlacional. Num universo de 112 enfermeiros (N = 112) a exercer funções nos CSP da ULS Castelo Branco, 46 participaram no estudo, constituindo, desta forma, a amostra. Foi aplicado um questionário para caracterização sociodemográfica e profissional, para analisar o modus operandi dos enfermeiros nas consultas com adolescentes, e a escala «Importância das Famílias nos Cuidados de Enfermagem- Atitudes dos enfermeiros» (IFCE-AE, versão portuguesa). Resultados: Média de idade (47,98 anos), média de tempo exercício profissional (≈ 25 anos), formação em enfermagem de família (39,1%). 35 dos 46 enfermeiros realizam consultas de saúde infantil/juvenil. 87% da amostra conhece o Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil, mas apenas 30,4 % dos enfermeiros conhece o guia orientador de boas práticas na entrevista ao adolescente. 69,5% dos enfermeiros realizam entrevista ao adolescente em privado sendo que, 47,8% nem sempre o fazem. Os temas em que se assume maior dificuldade em abordar são «expressão de sentimentos e pensamentos», «sexualidade», «violência e maus-tratos», e «comportamentos aditivos». Para além destes, temáticas como «auto-percepção da imagem corporal», «violência e maustratos» e «expressão de sentimentos e pensamentos», são temas menos abordados na consulta. Existem 34,8% de enfermeiros que não realizam intervenções relativas à família. Conclusão: Os enfermeiros apresentam atitudes de suporte na abordagem à família como parte integrante no processo de cuidados, com score médio total da escala IFCE-AE (79,52 pontos). As variáveis sociodemográficas e profissionais não influenciam as atitudes dos enfermeiros na abordagem à família como parte integrante dos cuidados. Verificou-se uma baixa correlação positiva e um p <0,05 entre o tempo de exercício profissional e a dificuldade em abordar alguns assuntos durante a consulta. Pode-se concluir desta forma que, os enfermeiros com mais experiência profissional admitem mais dificuldades na abordagem de alguns assuntos. Os enfermeiros que fazem a consulta dos 12/13 anos, apresentam um score mais elevado de atitudes de suporte face à família quando comparados aos enfermeiros que começam a realizar a entrevista em privado apenas na consulta dos 15-18 anos.porAtitudeEnfermagemFamíliaAdolescenteAtitudes dos Enfermeiros Face à Família na Consulta com Adolescentesmaster thesis203682750